O proprietário da mais polémica moradia da cidade foi ouvido ontem de manhã no tribunal de Coimbra. Um dia antes do previsto e a solicitação sua. Tavares de Almeida queixou-se de que, relativamente à habitação em Vale Meão, a autarquia nunca teve em conta “a situação” particular que esta tinha. “É uma propriedade com capacidade construtiva de 23.000 metros quadrados. Ou seja, poderia fazer um prédio com sete pisos. Mas tomei a decisão de não lotear a zona”, disse.
Esta sua decisão levou a que a moradia ocupasse menos de 10 por cento da capacidade construtiva e a preservação da área. O administrador do Finibanco recordou ainda que nos prédios vizinhos habitem alguns funcionários da autarquia, os quais são autênticos “fiscais da obra”. “A construção da moradia foi embargada diversas vezes só porque sou administrador do Finibanco e amigo de José Eduardo Simões”, afirmou.
O advogado lembrou que o projecto nunca foi alvo da opinião do actual presidente da Briosa e que os embargos da câmara caducaram “por falta de soluções técnicas” do município. Daí que, em tom irónico, tenha respondido às queixas no dia anterior de uma técnica da autarquia no tribunal. “Muito trabalho porque estão a limpar as asneiras que fizeram. Confesso mesmo que tudo isto tem sido um martírio para mim”, disse.
Tavares de Almeida revelou ainda que foi a câmara a culpada do desprendimento de terra registado na Avenida Gouveia Monteiro a 17 de Dezembro de 2005. Tudo porque não lhe conseguiu a impermeabilizar a bacia de recolha de águas pluviais. “Quando o fiz, nunca mais voltou a acontecer”, frisou.
Sobre a ligação à circular interna, o administrador recordou que o caminho já se encontrava marcado na primeira planta da câmara. Facto desmentido pela engenheira Maria da Conceição. A funcionária da câmara referiu ainda que as alterações introduzidas pelo proprietário deveriam ter sido submetidas para apreciação. “Quando há uma alteração das estruturas, a edificação está sujeita a nova licença”, concluiu.