250 mortes desnecessárias nos HUC

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Rui Santos, médico do serviço de Medicina Interna e responsável pela Comissão (interna) de Qualidade e Segurança dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), estima que duas centenas e meia de doentes, dos 50 mil internados anualmente nesta unidade hospitalar, sucumbem por complicações associadas ao próprio internamento.

Seja por infecções hospitalares, erro de diagnóstico, processo terapêutico deficiente ou complicações operatórias/pós-operatórias, a verdade é que com uma melhoria de protocolos clínicos e monitorização rigorosa de todas as variáveis envolvidas (incluindo instalações e equipamento) seria possível salvar muitas vidas, “seja neste hospital ou em qualquer outro da Europa”, afirma Rui Santos.

A estimativa adiantada pelo médico resulta de uma extrapolação dos casos ocorridos no “velho continente” onde, em cada ano, morrem cerca de 25 mil europeus, só em consequência de infecções provocadas por microorganismos multirresistentes. Este número dá uma ideia muito clara sobre “a qualidade dos cuidados e a falta de isolamento do doente e do cumprimento das medidas de precaução básicas”, considerou, a propósito, Constantino Sakellarides, da Escola Nacional de Saúde Pública e um dos autores do Relatório de Primavera 2010, divulgado pelo Observatório Português dos Sistemas de Saúde.

De acordo com os dados da Comissão de Qualidade e Segurança dos HUC, cerca de uma em cada 10 pessoas internadas é vítima de complicações não directamente relacionadas com a sua doença. Por isso é necessário continuar a apostar em fóruns, como o que se realizou ontem, “para que os profissionais façam melhor, porque conseguem fazer melhor”, sublinha Rui Santos.

Como contributo para minorar estas situações foi emanada pela Direcção Geral dos Hospitais uma norma (com aplicação obrigatória até final de 2011) que determina a elaboração de uma check-list para as intervenções cirúrgicas e a constituição de equipas de emergência médica interna. Em complemento a Comissão de Qualidade dos HUC está a promover reuniões de avaliação de morbilidade e mortalidade nos vários serviços, ao mesmo tempo que firmou uma parceria com o Institute for Healthcare Improvement (EUA).

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