A notícia ou a evidência de que o desemprego em Portugal terá chegado aos 11% é o que marca o regresso da actividade política.
A persistência duma taxa elevada, das mais elevadas da União Europeia, a todos preocupa. Uma taxa elevadíssima, superior a 20%, no desemprego jovem, cada vez mais qualificado, é outra marca do regresso da política.
Com estes números, que traduzem uma realidade que nos esmaga, que nos inquieta, que afecta alguns de nós e muitos que conhecemos, tentar fazer crer que a ante-proposta de revisão constitucional do PSD consagra o fim da progressividade dos impostos, como se tal fosse possível (é risível que se perca tempo a argumentar e a divagar sobre uma impossibilidade e pior quando á o primeiro-ministro que o faz), ou o final de um sistema público/estatal de saúde ou de educação, como se tal fosse possível (é incompreensível que se diga às pessoas qualquer coisa que nunca se ouviu ou se pode ler e mais que se misture dignidade humana com uma atribuição de intenções destituída de sentido), confere ao primeiro-ministro José Sócrates o prémio de animador do Verão, ainda que dele já não consigamos rir e lhe exijamos cada vez mais seriedade e concentração na sua função.
Queremos que o primeiro-ministro governe porque não queremos continuar a viver num país que exporta pessoas porque não as consegue atrair, que não retém riqueza ou capta investimento, que não se desenvolve. Face a tudo isto, a falta de literacia política de José Sócrates e a o conservadorismo que o enforma contrastam, sobretudo este último atributo, com o Sócrates arrojado dos 3 primeiros anos do primeiro mandato. Com erros, Sócrates foi fazendo. Agora, está parado, incrédulo, inerte. E com ele, o país correr risco de ficar parado, incrédulo, inerte. E não pode.
Com esta realidade avassaladora e que se teme que piore, com famílias sem trabalho, a discussão do orçamento para 2011 parece perder acuidade. Contudo, será bom que não aconteça. Portugal precisa de diminuir a despesa pública corrente, seleccionar muito bem os investimentos públicos, definir novas políticas públicas nas áreas do apoio às empresas, criação de emprego e empreendedorismo. Portugal precisa de diminuir os impostos directos sobre o trabalho e sobre a actividade empresarial. E em 2011 terá que dar passos para alcançar esses objectivos. Se não o conseguir, o risco de recessão será cada vez maior.
Em 2011 não vamos poder manter os 11% de desempregados. Não podemos mesmo permitir que isso aconteça.
Para o ano, no início de Setembro vamos desejar que o regresso da actividade política não se faça com estas notícias.