“Há quem trabalhe para matar a fome”

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Jardim Moreira criou o Banco Alimentar Contra a Fome do Porto. Este é “apenas” um dos itens do seu longo currículo do combate à pobreza. Sem papas na língua, não se coíbe de denunciar a hipocrisia dos políticos e os luxos da Igreja Católica. Foi na qualidade de presidente da Rede Europeia AntiPobreza em Portugal que falou numa conferência organizada pelo Casino Figueira, terça-feira.

No espaço europeu, onde as pessoas foram preteridas pelo lucro, o tema vai continuar actual durante os próximos anos. Em 2011, a referida rede reúne-se neste jardim à beira-mar plantado onde a pobreza encontra campos férteis. E a semente das ervas daninhas que originam a “injustiça social”, segundo o padre, não é lançada pelo mercado de trabalho.

“(Ao contrário do que dizem os políticos), os pobres estão empregados”, enfatizou. Mas não têm empregos com salários condignos: “estamos a criar um novo grupo de escravos”, aduziu. Segundo o orador, “há quem trabalhe a qualquer preço para matar a fome”.

Em Portugal, as crianças podem ser o melhor do mundo. Mas, como não votam, têm assistido a um jogo (político) digno da “República das Bananas”, como ilustrou o padre Jardim, que as não leva à conquista da dignidade. Neste campeonato, Portugal lidera a tabela classificativa da Europa (ver caixa).

A minoria silenciosa

Com o surgir dos “novos pobres”, muitos deles antigos “novos ricos”, a pobreza em Portugal deixou de ser endémica das classes mais desfavorecidas. O conferencista convidado pelo casino sublinhou que esta realidade atinge os desempregados, sobretudo os de longa duração. Não obstante a situação social do país, criticou, o Governo tenta reduzir o défice à custa dos apoios sociais.

A Igreja Católica também não está isenta de culpas, no entender de um dos seus sacerdotes: “somos capazes de gastar rios de dinheiro em paramentos e não damos nada a um pobre”. E o que vai dando, lembrou, é o Estado que paga. Jardim Moreira alertou que se a pobreza não for combatida, os pobres, que “não têm partido nem sindicato”, acabarão pode se revoltar.

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