A crise da justiça está na ordem do dia. Não é uma crise isolada das outras, faz parte da crise económica e financeira que afecta o país e o mundo. O primeiro erro, é a tendência para a encarar isolada das outras, muitos pensadores têm chamado a atenção para a necessidade de se fazer a globalização das áreas políticas.
Não existem dúvidas sobre a desadequação entre os sectores social, político e judiciário em particular. Estão irremediavelmente antiquados e continuam irresponsavelmente imóveis, quando tudo muda. A crise da justiça decorre desse facto e caracteriza-o particularmente, afinal insere-se num conjunto organizativo que tem mais de 200 anos! Quando o mundo era outro, os valores éticos eram respeitados e as leis acatadas porque os respeitavam.
Os magistrados deixaram de ser aquela entidade isolada e mítica e a opinião pública é, hoje, um tribunal colectivo que emite juízos antecipados sobre os casos que caem sob a alçada da justiça. A democracia participativa não existia com a força vigilante que hoje tem, a comunicação instantânea invade e viola a nossa esfera privada e perdemos, todos, os mais elementares direitos. Só há uma conclusão, ou actualizamos os modelos que estão desadequados, entre os quais o judicial ou perdemos o direito de criticar.
Se nada fizermos, o povo continuará a queixar-se, os tribunais e os magistrados, esses continuarão a queixar-se uns dos outros e a crise judicial será cada vez mais calamitosa.