As linhas do metro têm que ser prioritárias

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A Linha da Lousã fez 103 anos no dia 16 de Dezembro de 2009.

Tratou-se de um investimento importantíssimo para o desenvolvimento dos concelhos de Miranda do Corvo, Lousã e Coimbra.

Na altura estava também previsto o prolongamento para Arganil.

Miranda do Corvo é um dos poucos concelhos do interior que nos últimos 100 anos não perdeu população. Nos últimos anos tem tido inclusivamente crescimento populacional. Acredito que um dos principais factos que tem contribuído para esta situação foi a linha da Lousã e todas as vantagens inerentes ao transporte ferroviário.

A linha da Lousã facilitou a mobilidade das pessoas e foi também geradora de emprego. Facilitou também o acesso à educação.

Perante o sucesso deste projecto chegou-se a equacionar, na década de 80, o prolongamento da linha até Tomar, a partir de Miranda. A concretização desse projecto teria sido certamente um factor de sucesso importante para vários concelhos, nomeadamente Penela, Ansião, Alvaiázere, Tomar, etc.

No final da década de 80 e com o objectivo de melhorar a travessia dentro da cidade de Coimbra e transformar o sistema num projecto mais moderno, começou a estudar-se o sistema metropolitano do Mondego.

Passaram-se vários anos sem que nada fosse feito. Enquanto o tempo foi passando a linha foi-se deteriorando e o estado foi gastando grandes verbas em estudos e projectos.

Após vários anos de impasse o processo avançou. Expropriaram-se terrenos na cidade, construíram alguns interfaces, avançaram com obras na linha. Lançaram vários concursos.

Em Janeiro deste ano o transporte ferroviário foi suspenso e a linha interrompida. A cerimónia de consignação foi presidida pelo Secretário de Estado dos Transportes e realizou-se no dia 18 de Janeiro, em Miranda do Corvo.

Relativamente aos concursos já lançados, previa-se que o inicio de exploração da 1.ª fase (Linha da Lousã) deveria ocorrer no final de 2012.

O concurso relativo ao material circulante está a decorrer, tendo a adjudicação prevista para este mês de Agosto de 2010.

Veio agora o governo mandar estudar à administração da Metro Mondego vários cenários para o projecto, alguns dos quais passavam por atrasos na implantação do investimento, existindo um cenário que previa mesmo a interrupção das obras e o pagamento de indemnizações aos empreiteiros.

Não posso acreditar que coloquem em cima da mesa a hipótese de suspensão das obras ou novos atrasos.

A suspensão do serviço em Janeiro sem garantia da existência das condições financeiras necessárias à execução da obra em tempo útil representaria uma grande irresponsabilidade do governo. A população afectada nunca poderá nem conseguirá entender esta atitude.

Toda a região seria prejudicada. Nenhum governo tem o direito de tomar uma atitude deste género.

A concretização de qualquer atraso nas obras e prolongamento do encerramento da linha é um crime contra o concelho de Miranda, bem como contra a Lousã e Coimbra.

É indiscutível que a actual situação do país obriga a uma grande contenção no investimento público. Em período de contenção deve existir selectividade nos investimentos.

Os recursos que são escassos devem ser utilizados para obras prioritárias e entre estas estarão seguramente as obras já em curso e com necessidade de conclusão, como são as obras na linha da Lousã.

Se não tinham as fontes de financiamento garantidas jamais deveriam ter começado a arrancar a linha. O Metro Mondego é indiscutivelmente uma obra prioritária, não só porque é uma obra que já se encontra em curso, mas também porque é uma obra que se destina a repor em funcionamento um serviço que já existia a funcionar e foi destruído.

Felizmente muitas pessoas reagiram a este avanço do governo.

Deputados, autarcas, comunicação social, cidadãos. Felicito a atitude de todos. A união faz a força.

Discordo contudo da proposta apresentada pelo meu colega de Vila Nova de Poiares relativamente á marcha lenta na Estrada da Beira. O projecto da Linha da Lousã é tão importante que só por si justifica acções.

Não me parece contudo correcto associar este projecto a outras necessidades da região como são certamente a Estrada da Beira ou o IC3.

Corríamos o risco de oferecer moeda de troca ao governo.

Felicito o presidente Jaime Soares por todas as iniciativas que tem desenvolvido em defesa da Estrada da Beira. Estaremos sempre a seu lado na defesa desta estrada bem como de outros investimentos que sejam úteis para Poiares e para a região, nomeadamente uma melhor estrada para Coimbra e para o IP3, mas não misturemos as coisas.

Os investimentos na Linha da Lousã são investimentos na Linha da Lousã. São a nossa luta. São demasiado importantes para serem misturados com outros, também por si só muito importantes.

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