Alcaide desvenda histórias da cidade

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Até ao mês de Setembro, os visitantes do centro histórico da Guarda podem ser acompanhados por um guia muito especial.

A partir do Posto de Turismo, junto à Catedral da Guarda, os visitantes são convidados a percorrer as legendárias ruas da cidade e brindados com informações históricas, descrições sobre determinados edifícios, relatos de episódios ligados aos vários locais do percurso, onde não faltam surpresas e o encontro com diversas personagens. No discurso do velho Alcaide prevalece o seu profundo patriotismo e a animosidade por Castela.

“Na Guarda, há muito para ver e ainda mais para descobrir. Tanto mais que não se mostrar à primeira está na sua marca genética. Por isso quisemos mostrar a Guarda sem falsos pudores. Mas também sem deixar de forçar um pouco essa resistência. Mostrando-a de dentro para fora e não o contrário”, explica António Godinho, o autor dos textos do projecto “Percursos da Memória”.

A narrativa assume um vigor muito especial pois, como refere, é “contada por um dos personagens mais ilustres da Guarda: Álvaro Gil, seu alcaide nos finais do século XIV.”

Trata-se de uma personalidade de relevo na história da cidade e de cuja postura resultou, mais tarde, a associação a um dos cinco “efes” da Guarda, o de “fiél”.

Alcaide da Guarda no período da crise de 1383-1385, Álvaro Gil Cabral, antepassado de Pedro Álvares Cabral (o descobridor do Brasil), recusou-se a ceder aos interesses do Rei de Castela – a quem o Bispo da Guarda franqueou as portas do seu Paço – antes afirmando a sua fidelidade ao Mestre de Avis.

A Praça Velha, a Rua Rui de Pina, o Largo Passo do Biu, a Rua da Torre, a Rua da Trindade, a Porta d’El Rei, o antigo Poço do Gado, a Igreja de São Vicente, a Rua Francisco de Passos ou a Rua Augusto Gil são alguns dos locais incluídos nestas visitas encenadas sempre com a irreverência, a exaltação patriótica, as inconfidências ou o humor crítico do Alcaide.

Para este percurso foi elaborado um interessante documento de apoio. Trata-se de um “mapa tipográfico” onde se utilizou “a estética como instrumento de trabalho e convocou-se a tipografia enquanto matéria plástica de comunicação. A descrição textual da toponímia serve de tratamento da superfície para

deste modo oferecer coordenadas de localização”, refere Jorge do Reis, que concebeu o referido mapa.

Este serve ainda “de apoio ao espectador de uma peça de teatro onde um personagem/guia e um conjunto de figurantes conduzem o público através de vários espaços urbanos que sequencialmente enquadram o próprio espectáculo”, acrescenta o designer gráfico.

Este projecto está a ser bem recebido e a proporcionar uma (re)descoberta do centro histórico da Guarda abrindo novos olhares sobre a cidade.

A interpretação do personagem Álvaro Gil Cabral é de João Ventura e como figurantes aparecem Carlos Gil, Carlos Morgado, Elisabete Fernandes, Luis Paulo e Maria Manuel Figueiredo.

Estas visitas, gratuitas, vão decorrer até ao final do mês de Setembro, todas as sextas-feiras e sábados e ainda no primeiro domingo daquele mês, pelas 10H00 e 17H30.

Os interessados devem comparecer, antes daquele horário, na Praça Velha (junto ao Posto de Turismo), onde começa o percurso da visita e esta “viagem” pela história e parte da monumentalidade da mais alta cidade de Portugal.

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